HISTÓRIA DO ALFREDRÃO
Paz e amor, Bicho!
Você
me amarrou na sua de cara legal, muito . Achei jóia a sua quando sacou que eu
estava na pior com a máquina, transando no meio do mato e dentro daquele breu.
O envenenamento do meu carango sempre me deixou baratinado, e você ligou
bacana, levando-me para seu “hábitat”.
No dia seguinte, com a colher de chá
que você me deu com seu trato, consegui emplacar no asfalto e batalhei firme,
numa carona até conquistar a metrópole.
Como não podemos tratar melhor, espero
você para vir moitar uns dias comigo, em minha lona legal, onde poderemos
curtir fino papo com a turma e levá-lo a transar com as doidonas das motocas,
com suas calças apertadas e blusas transparentes. Você irá comigo para um
inferninho e curtiremos um som jóia ou sacaremos umas minas no asfalto para um
programa bem legal.
Fique na minha, bicho, que você vai
gamar.
Do
chapa.
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Senhor Alfredão.
Não entendi bulhufas de sua carta, é muito confusa e
estou muito aborrecido em você começar me chamando de bicho, quando fui seu
amigo sem o conhecer, além do mais devo dizer-lhe que sou homem pra burro, se
quiser experimentar, volte aqui novamente, seu cachorrão.
Não amarrei você em coisa alguma, o que
fiz foi tratá-lo como gente civilizada. Se você praticou é roubo, caso de
polícia.
Outra coisa errada sua, é que não tirei
você de nenhum breu, que aqui não existe. Acho que você está meio tantã.
Também não lhe dei nenhuma colher de
chá, e se, por acaso, você levou alguma coisa, em que você, pelo que senti, é
costumeira, pode ficar com ela de recordação.
Gostaria que você me dissesse qual foi
o cretino que jogou veneno no seu carro, pois se foi algum empregado meu, vou
mandá-lo embora. Com relação aos papos curtidos, não vou poder atender: aqui
não tem curtume e não vou sacrificar os meus perus e minhas aves para mandar os
papos para você.
O tal negócio de jóias e minas não
serve para mim, nunca tive tempo nem gosto de bancar o garimpeiro.
Olha, moço, eu aqui sou muito conhecido
e respeitado por todos: pelo juiz, pelo senhor prefeito, pelo senhor padre,
pelos políticos e pelo povo, e nunca ninguém me chamou de bicho ou por nome de
outros animais, e é por isso que não posso ficar na sua.
Do
Bertulino.